sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Exorcismo: trabalho pela conversão

Por Nice Affonso, do Portal da Arquidiocese do Rio de Janeiro

Desde os tempos apostólicos, a Igreja exerce o poder que recebeu de Cristo de expulsar os demônios, repelir a sua influência e a eles ordenar que não impeçam sua obra de evangelização. Por isso, constantemente e com confiança, reza “em nome de Jesus” para que a livre do mal. Essa é a explicação citada no livro “Padre Nelson Rabelo – o enviado de Deus”.

Embora a sociedade atual tenha acostumado as pessoas a acreditarem que o demônio não existe, que é só uma personificação do mal ou uma força ruim, as Escrituras Sagradas o apresentam como um anjo que se opõe a Deus: “A serpente era o mais astuto de todos os animais dos campos que o Senhor Deus tinha formado” (Gn 3,1). Jesus disse que ele é homicida desde o princípio, mentiroso e pai da mentira. É o sedutor do mundo inteiro: tenta o homem ao mal, à desobediência a Deus, provoca maus pensamentos e desejos de ódio, vingança e cobiça. O próprio Jesus foi tentado por ele por 3 vezes.

De acordo com o Padre Nelson Rabelo, que é exorcista designado pela Igreja e Vigário da Paróquia de Sant’Ana, no Centro do Rio, onde diariamente realiza atendimento às pessoas que o procuram para a cura de males que as afligem, o mundo espiritual é real.

— O demônio existe. Ele tem poder. E é mais forte do que nós. Nosso Senhor não o aprisionou: o demônio está livre. Mas ele só pode fazer aquilo que Deus permite, porque ele não é maior do que Deus. E Deus só permite por um bem maior.

O sacerdote explicou que o demônio usa cinco formas de influência sobre os homens: tentação (a mais ordinária, à qual todos estão sujeitos), opressão (males, como doenças que a ciência desconhece), vexação (atinge o físico das pessoas, levando à autoflagelação), infestação (penetração de espíritos malignos “menos fortes” que Lúcifer) e possessão (penetração do espírito maligno mais forte, Lúcifer). A incidência de casos da última forma é raríssima.

Os muitos anos de experiência no atendimento às pessoas que o procuram, buscando a cura e a libertação, ensinaram a Padre Nelson que Deus só permite que essas influências malignas atuem sobre o homem para que a sua conversão aconteça.

— Deus permite que o inimigo oprima a pessoa para que ela volte para Cristo, que reconheça que esteve errada e, assim, se converta. Porque a causa maior de toda infestação é o pecado. (...) As pessoas que vivem no pecado, longe de Deus e da Igreja, são as mais suscetíveis, explicou.

A advogada Ana Cláudia Nunes Cavalcante, que há mais de dez anos atua como voluntária, fazendo atendimentos com Padre Nelson, testemunhou o que tem observado do trabalho espiritual que realizam.

— A pessoa vem para se curar, ela não sabe que vai se converter. E se converte porque os meios para a libertação são justamente a volta para Deus, para Cristo, para a Igreja. O caminho seguro para que não haja reincidência do mal na vida da pessoa é a conversão e a vida sacramental, contou Ana.

Nos atendimentos que o sacerdote realiza, na Igreja de Sant’Ana, ele é auxiliado por uma equipe de leigos, por ele orientada e preparada para os atendimentos.

— As orações espontâneas e as autorizadas pela Igreja podem ser feitas. Um leigo também pode rezar por uma pessoa e ela ser curada dos males, porque é Deus que realiza por meio de quem ele quer. O rito do exorcismo maior é que só pode ser feito pelo sacerdote indicado, explicou Padre Nelson.

O sacerdote destacou ainda que são muitos os casos de pessoas que vão até ele por apresentarem problemas psicológicos e que têm necessidade de cura das emoções.

— Deus também usa desse momento de oração para agir no interior das pessoas, contou.

A Igreja ensina que “para ser um exorcista, o sacerdote tem que se distinguir pela piedade, ciência, prudência e integridade de vida”. Ele não pode acreditar facilmente na possessão, tem que ser prudente, pois a pessoa que se diz possuída pode ser enganada pela própria imaginação. De acordo com Padre Nelson, Deus também o ajuda a discernir um problema espiritual de outros, puramente de ordem médica.

Dedicado, solidário, prestativo e firme em suas posturas, Padre Nelson revela um profundo desejo de viver para ajudar às pessoas. O sacerdote se doa, todos os dias da semana, exceto quinta-feira, para este trabalho de atendimento pessoal e comunitário. Entre celebrações eucarísticas, atendimento a confissões e orações pelos que vão até ele, o sacerdote, que tem mais de 90 anos de vida, cativa todos aqueles que se aproximam dele. Humilde e modesto, Padre Nelson entende seu chamado como uma missão.

— A minha vida de oração é comum: faço ofício, rezo o terço, missa, eucaristia diária. (...) Ser Padre é renunciar a todas as coisas do mundo para dar sua vida pela salvação do próximo. (...) A Igreja diz que para ser exorcista é preciso ser muito inteligente, ter várias virtudes etc e etc... Eu não tenho tudo isso! O exorcismo é uma ordem que o sacerdote tem para exercer o poder que Deus lhe conferiu de expulsar o demônio. Basta que ele não tenha medo e confie em Deus, disse.

* Leia também as outras publicações sobre o assunto:

http://www.arquidiocese.org.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=4691&sid=79

http://www.arquidiocese.org.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=4770&sid=79

http://www.arquidiocese.org.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=3135&sid=79

* Foto: Victor Gonzalez

Nenhum comentário: