No último dia 08/03/2011 foi publicado no conhecido JBlog Rio Antigo do Jornal do Brasil uma foto rara de nossa estimada Paróquia de Santo Antônio dos Pobres da Rua dos Inválidos. Esta foto é sem dúvida uma relíquia da construção anterior a de meados da década de 1940 que nós vemos atualmente. A foto é datada de meados da década de 1920. Junto a foto, o Blog escrito por Paulo Pacini publicou o seguinte texto que transcrevo a seguir:
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Antiga Igreja de Santo Antônio dos Pobres |
Como toda cidade antiga, o Rio de Janeiro foi palco de inúmeros acontecimentos, dos quais sua configuração urbana é de certo modo testemunha, ainda que silenciosa e indireta. A área de destaque da história carioca sempre foi a região central, a qual, irradiando-se do Morro do Castelo, ganhou inicialmente a várzea próxima à Praça XV e interiorizou-se rumo a uma área então indefinida, chamada de Campo da Cidade. A expansão ocorrida durante o século XIX incrementou a urbanização em trechos relativamente periféricos, sendo drenadas as últimas áreas alagadas e desmembradas as grandes chácaras em terrenos menores, onde se ergueram imóveis residenciais ou comerciais, trazendo gente para regiões pouco povoadas.
Foi em um local deste tipo que, em 1807, iniciou-se a construção da Igreja de Santo Antônio dos Pobres, por iniciativa de Antônio José de Souza Oliveira, que comprou um terreno na esquina da Rua dos Inválidos com Senado, e doou-o à Venerável Irmandade de Santo Antônio dos Pobres. Em 1811, há 200 anos, portanto, era inaugurado o templo de linhas modestas, mas prestigiado pela nobreza da época, a qual incluía D. João VI e sua esposa Carlota Joaquina. De 1828 a 1832 nela residiram os Capuchinhos italianos, retirando-se após vários desentendimentos. Em 1854, é elevada a matriz da recém-criada paróquia de Santo Antônio, tendo sido iniciada uma restauração geral do templo, que se encontrava em más condições.
A deterioração posterior do prédio em mais de um século tornou necessária sua reconstrução, iniciada em 1940. Seis anos depois, os trabalhos eram concluídos, legando à cidade o prédio atual, com diferenças estéticas em relação ao antigo templo, mas com mesmo valor histórico. Esta velha igreja, completando dois séculos no presente ano, enfrentou ultimamente problemas provavelmente causados pela construção de um prédio monstruoso no terreno ao lado, originalmente formado por desapropriações ocorridas durante o governo Moreira Franco em 1988 para as obras de construção da Linha 2 do metrô, que deveria passar pela Av. Henrique Valadares rumo à Estação Carioca, onde seria feita a transferência para a Linha 1. Nada disso: em vez de transporte, mais um espigão.
A construção de um prédio de tais proporções em uma área até o presente relativamente conservada, com seu comércio tradicional em casas e sobrados, certamente irá inaugurar um ciclo de especulação imobiliária no local, da qual não se deve esperar boa coisa. A tradicional igreja de Santo Antônio dos Pobres certamente resistirá a essa próxima maré, mas o destino dos prédios à sua volta é mais incerto, podendo ceder lugar a novas, antiestéticas e desumanas construções ou então se transformar em mais um terreno baldio convertido em estacionamento. Resta orar ao santo, na esperança que sua força possa proteger e conservar este trecho pouco conhecido da cidade, pelo menos por mais algum tempo.
Breve Histórico da Igreja de Santo Antônio dos Pobres
Atual Igreja de Santo Antônio dos Pobres |
No dia 15 de Agosto de 1807, na cidade do Rio de Janeiro, expressivo número de devotos de Santo Antônio, liderados por Antônio José de Souza Oliveira, tiveram a idéia de erguer um templo sob a invocação do grande Santo nascido em Lisboa e falecido em Pádua. Para tanto, Antônio Oliveira adquiriu um terreno na esquina da Rua dos Inválidos com a Rua do Senado no Centro do Rio por compra a D. Helena Maria da Cruz e o doou à então fundada Irmandade de Santo Antônio dos Pobres.
Trabalhando com dedicação e fervor, e facilitando à sua custa todos os recursos necessários, a igreja, três anos após o seu começo, achava-se concluída em 1811, sendo então entregue ao povo com grande solenidade, tendo comparecido ao ato da inauguração a família real e todos os altos escalões da Corte Real da época.
Naquela época, a Igreja era um primitivo Templo de estilo barroco e que ficou conhecido como Igreja de Santo Antônio dos Pobres em razão da Igreja do Convento do Largo da Carioca, dos Franciscanos, ser naquela época freqüentada pela classe mais alta da Cidade. O povo humilde e pobre assistia às Missas e demais cerimônias religiosas do calendário litúrgico no modesto e harmonioso templo da Rua dos Inválidos. Tinha sua torre alta e pontiaguda, onde estavam pendentes os sinos, apresentava as linhas do estilo barroco. Cinco janelas de frente, sendo que uma na coluna da torre, três portas e dois óculos gradeados. Acima o frontão triangular com cimalha de cantaria. Do lado da Rua do Senado uma série de janelas revestidas de grades de ferro dando para o corredor da igreja e para as tribunas. Por dentro o seu aspecto era tão pobre que parecia uma predestinação do próprio título do seu padroeiro, pois a Venerável Irmandade de Santo Antônio dos Pobres nunca conseguira formar patrimônio semelhante ao das demais agremiações congêneres.
Mesmo concorrido pelo povo simples, foi ele visitado várias vezes pelo Príncipe Regente, mais tarde Dom João VI junto com Dona Carlota Joaquina, grandes devotos de Santo Antônio, que sempre se fez acompanhar de seus filhos e de personalidades da Corte. Dom João VI e Dona Carlota Joaquina que atribuiu à especial intercessão de Santo Antônio junto a Deus, a vitória de seus exércitos sobre os de Napoleão, expulsando-os do solo português.
Em 1828 os Capuchinhos passaram a residir na Igreja, mas constantes divergências sobre o cotidiano na Igreja fez com que eles saíssem tempos depois.
Em 10 de dezembro de 1854, a humilde Igreja de Santo Antônio dos Pobres foi proclamada Paróquia após receber o título de Matriz.
Em 1940, obras urgentes se impuseram na Igreja. As constantes enchentes no local afetavam os alicerces e as paredes, os cupins se aproveitavam da umidade para proliferar e assim, a Venerável Irmandade de Santo Antônio dos Pobres, com o apoio da comunidade católica da região e liderança do então Provedor Comendador Antonio Parente Ribeiro, lançou-se ao trabalho da reconstrução do Templo. Grande parte do antigo templo foi destruído e em 23 de abril de 1940 foi lançada a pedra fundamental da nova Igreja.
Em 13 de junho de 1942, o Pároco da época Monsenhor Magaldi com a Autorização do Cardeal Dom Sebastião Leme que não pôde comparecer devido a uma enfermidade, inaugurou a Capela-mor com metade da nave da Igreja já pronta.
Sem interrupção do culto, em 1946 ficou pronta por completa a nova Igreja já em estilo neoromântico, com belíssimos vitrais evocativos de passagens da vida de Santo Antônio. Era uma nova construção muito maior e já em quase nada lembrava aquela antiga de 1811.
Uma curiosidade da cidade do Rio de Janeiro é que em tempos antigos haviam dezenas de oratórios espalhados por toda cidade que serviam de ponto de parada para que os transeuntes rezassem. Um desses oratórios era o de Nossa Senhora dos Prazeres que ficara no Arco do Telles, mas que devido a acontecimentos com prostitutas, foi destruído e a imagem da santa foi transferida para a Igreja de Santo Antônio dos Pobres
Uma curiosidade da cidade do Rio de Janeiro é que em tempos antigos haviam dezenas de oratórios espalhados por toda cidade que serviam de ponto de parada para que os transeuntes rezassem. Um desses oratórios era o de Nossa Senhora dos Prazeres que ficara no Arco do Telles, mas que devido a acontecimentos com prostitutas, foi destruído e a imagem da santa foi transferida para a Igreja de Santo Antônio dos Pobres
Em 2004 ocorreu uma grande restauração na parte interna. Os afrescos, lustres e bancos foram totalmente reformados e algumas lâmpadas foram substituídas para deixar o ambiente mais claro.
Em 2009, a Igreja passou por um grande transtorno. Devido à construção de um grande conjunto de condomínios num terreno bem ao lado da Igreja, o solo da região já abalado pelas constantes chuvas não aguentou e cedeu em alguns ponto da rua e a Igreja foi rapidamente afetada. Enormes rachaduras apareceram no chão e nas paredes o que fez com que fosse necessário interditá-la para obras emergenciais. A previsão para a reabertura na Igreja é para 2011 e enquanto isso não for possível, um salão foi improvisado para que as cerimônias religiosas acontecessem do outro lado da rua no número 37.
A Igreja é famosa por suas festas no dia 13 de junho onde há uma Alvorada as 6 horas da manhã comandada por membros do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. No dia de Santo Antônio, a Igreja fica aberta o dia inteiro com Missas e há distribuição constante de pães. De noite, o último dia da Trezena é festejado para que logo após seja celebrada a última Missa do Dia. A Procissão pelas ruas do Bairro sempre ocorre no Domingo seguinte ao dia 13 de junho pela tarde e após a chegada à Igreja é celebrada Missa Solene.
A Paróquia de Santo Antônio dos Pobres é responsável por três Capelas da região: Capela do Menino Deus na Rua Riachuelo datada de 1743 e reconstruída em 1925, a Capela do Hospital da Ordem Terceira do Carmo também na Rua Riachuelo datada de 1919 e a Capela São João de Deus do Corpo de Bombeiros do Município do Rio de Janeiro situada na Praça da República datada de 1941. A Paróquia de Santo Antônio dos Pobres pertence à Segunda Forania do Vicariato Episcopal Urbano da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro.
Rua dos Inválidos, 42, Centro
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