sábado, 22 de outubro de 2011

Círio de Castanhal reúne mais de 250 mil romeiros

Texto e fotos: Carlos Moioli, do Portal da Arquidiocese do Rio
 

A Romaria 2011 de Nossa Senhora de Nazaré, realizada na manhã deste domingo, 16 de outubro, no município paraense de Castanhal, contou com a presença do arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta.

A 13ª edição da Romaria em honra da Rainha da Amazônia, já considerada a maior no interior do Estado do Pará, conseguiu reunir mais de 250 mil fiéis, provenientes dos 25 municípios que compõe a Diocese de Santa Maria Mãe de Deus, de Castanhal. A Romaria foi transmitida ao vivo para toda a Amazônia pela TV Nazaré, e para o mundo, pela Web TV Redentor.

Feliz por voltar ao Estado do Pará, Dom Orani presidiu sob forte sol, a celebração eucarística na esplanada da Catedral de Santa Maria Mãe de Deus, construída próxima ao monumento do Cristo Redentor, na Avenida Major Wilson.

- Estou feliz por compartilhar com todos essa belíssima festa em honra de Nossa Senhora de Nazaré. Vocês me ensinaram, por ocasião de minha presença no Pará, o carinho com a mãe de Jesus. Foi uma experiência marcante, que trago no coração, na minha vida. Por isso, o testemunho de fé de vocês é um grande sinal para o mundo, de um povo que, com Maria, são discípulos de Jesus Cristo e tem o coração abrasados pelo amor de Deus, afirmou Dom Orani.

A celebração teve início às 7h, após a chegada da imagem de Nossa Senhora de Nazaré, já com seu novo manto, que veio acompanhada por fiéis da vizinha Matriz de São José, depois de uma vigília de orações e a alvorada com fogos de artifício. No novo manto, de cor branca, um resumo, com letras douradas, do decreto da dedicação da Catedral, realizada no último dia 27 de fevereiro.

Nas palavras de acolhida, o bispo de Castanhal, Dom Carlos Verzeletti agradeceu a presença de Dom Orani, recordando a sua ligação com a porção do povo de Deus presente na região do nordeste paraense, enquanto arcebispo de Belém. Ainda, de suas visitas às comunidades paroquiais, se apresentando e, ao mesmo tempo, se despedindo dos fiéis.

- O senhor, que faz parte da história dessa diocese, está em nossos corações, em nossas orações. Alegres pela solicitude ao nosso convite, agradecemos sua presença. Em sinal de unidade, pedimos a Deus que abençoe o seu pastoreio à frente da Igreja do Rio de Janeiro, ainda mais agora, com o grande desafio de preparar a Jornada Mundial da Juventude, disse Dom Carlos.

Um pouco depois de sua posse como arcebispo de Belém, foi Dom Orani quem anunciou, em 29 de dezembro de 2004, a criação da nova Diocese de Castanhal, desmembrada da Arquidiocese de Belém. Foi também quem presidiu, em 27 de fevereiro de 2005, a celebração de instalação da diocese e a posse de Dom Carlos. A “Cidade Modelo” de Castanhal, sede da nova diocese, fica a 65 quilômetros de distância de Belém. É considerada a metrópole da região nordeste do Estado por causa de sua posição geográfica e potencial de desenvolvimento.


Devotos de Maria, filhos de Deus

Na homilia, Dom Orani refletiu, à luz da Palavra de Deus, o tema da Romaria: “Com Maria, abrasados pela caridade”. Destacou a importância de Maria na história da salvação, a nova Ester que está presente em todas as realidades e clama pela “salvação de seu povo” e, como Estrela da Evangelização, a sua permanente missão de apresentar ao mundo a pessoa de Jesus Cristo.

- O verdadeiro devoto, o que ama Nossa Senhora, deve colocar no centro de sua vida a pessoa de Cristo. A pequenina imagem que veneramos é um sinal de sua missão. Apresentando o Seu Filho como o Senhor, e ensinando a “fazer tudo o que Ele disser”, Maria nos indica o caminho de como ser, de fato, filhos de Deus, explicou.

Recordando dados sobre os índices de violência, particularmente os praticados no Pará, Dom Orani convidou os romeiros para uma mudança de vida, a possibilidade de paz e a construção de um mundo novo. No lugar de um coração com ódio ou de fazer o mal, abrir-se a ação do Espírito Santo, e deixar-se contagiar pelo amor, dando sinais que ele não é uma teoria, mas um dom de Deus.

Disse ainda que o povo paraense, com suas belas e sadias tradições, que faz enormes sacrifícios por amor a Maria, que se emociona com a passagem de sua imagem, não pode ser um povo que deixa ser contagiado pelo mal.

- Somos chamados a ser sinais do amor de Deus que se manifestou em Cristo, nascido de Maria. Um amor que nos leve à fraternidade, ao amor mútuo, a ser responsáveis uns pelos outros, colaborando para que o próximo possa viver melhor, pediu o arcebispo do Rio.


Romaria da fé

Após a celebração eucarística, teve início por volta de 8h30, a grande Romaria em direção ao Santuário de Nazaré, na centenária vila distrital de Apeú. Entre cânticos e a recitação do Terço de Nossa Senhora, a multidão percorreu os oito quilômetros do percurso, na frente ou seguindo a berlinda, decorada com flores do campo.


Fixada na berlinda, a imagem de Nossa Senhora de Nazaré foi conduzida por jovens do Tiro de Guerra sobre uma replica da “Maria Fumaça”, tendo a frente Dom Carlos e Dom Orani contemplando e abençoando os romeiros. Apesar das semelhanças com o Círio de Belém, Castanhal não adotou a tradição da corda, mas por um trenzinho, sinônimo do progresso trazido na região no inicio do século passado através da Estrada de Ferro Belém-Bragança.

- Vim aqui para pedir saúde para meus filhos e paz no mundo. Meu sonho é ter uma casa. Com a graça de Deus, consegui um local, sem precisar pagar aluguel. Já tenho um chão, agora só falta o material, mas está tudo encaminhado, afirmou Luiza Maria Silva Araújo, de Castanhal, que percorreu a romaria com a réplica de uma casa na cabeça.

No percurso, muitas manifestações de fé. Casas enfeitadas, queima de fogos de artifícios, crianças vestidas de anjo, pagadores de promessas carregando réplicas de casas e quadros sacros. Para amenizar o calor, em vários pontos do percurso, havia distribuição gratuita de água e a presença de voluntários da Cruz Vermelha para atendimento dos romeiros. A Romaria contou com o apoio de agentes de trânsito, Guarda Municipal, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros.

- A motivação de minha participação é a fé que tenho em Nossa Senhora. Vim para pedir saúde e felicidade e, de forma especial, agradecer pela vida de minha neta. Ao nascer, ela apresentou problemas de saúde, ficando internada no hospital por uma semana, se recuperando numa incubadora, afirmou Max Antônio Cardoso, de Castanhal, que veio acompanhado da esposa e da neta, vestida de anjo.

Por volta das 11h, a berlinda chegou até ao Santuário de Nazaré, em Apeú. Dom Orani conduziu a imagem até as escadarias, sob forte emoção dos romeiros que se “apertavam” para tocar a Santa.

- A minha devoção a Maria, que aprendi em casa com o testemunho de meus pais, foi fortalecida quando comecei a trabalhar na TV Nazaré. Depois de quatro anos, posso dizer que minha relação com Maria é de intimidade, e de forte diálogo. Ao mesmo tempo em que peço pelos meus projetos e paz para minha família e amigos, também peço que ela ilumine nosso trabalho e que a transmissão seja um sucesso, afirmou a jornalista Janine Bargas.           

No momento de oração, a imagem foi segurada pelo prefeito de Castanhal, Hélio Leite da Silva. Uma ultima mensagem ainda foi proferida por Dom Carlos, incentivando os romeiros a acolherem no coração e “levarem para casa a mãe de Jesus”. Na conclusão, os romeiros foram abençoados por Dom Orani. A imagem ainda foi mantida em frente ao Santuário para que todos os romeiros pudessem passar por ela e fazer suas orações.

O terceiro domingo de outubro tem, para os fiéis de Castanhal, o mesmo significado que o segundo domingo tem para todo o Estado do Pará, com o Círio de Nazaré, realizado em Belém.

No início da noite do sábado anterior ao terceiro domingo, 15 de outubro, também houve a transladação da imagem sentido Apéu-Castanhal, acompanhada por centenas de motos. Depois da saída do Santuário, houve uma parada na Vila para a celebração eucarística. Em seguida, foi transportada por um veículo da Policia Rodoviária Federal até a Paróquia São José, no centro de Castanhal, onde houve a cerimônia de troca de manto.

Apeú significa, em língua tupi, o caminho das águas de ouro, ou seja, das flores amarelas em abundância pelo rio, expressão essa que os índios usavam para orientar os colonizadores.

A primeira romaria foi realizada por iniciativa do padre Sebastião Fialho, então pároco da Paróquia Sant´Ana, após a divulgação da notícia de que uma pequenina imagem de Nossa Senhora de Nazaré teria chorado, por duas vezes, em março de 1996, lágrimas normais e de sangue. A imagem que pertencia a uma família de Apeú, foi colocada na Capela da Vila, hoje Santuário de Nazaré, onde ainda hoje atrai multidão de devotos. Já a imagem da Romaria, réplica da peregrina de Belém, é venerada na Catedral de Castanhal.
Galeria de Fotos:



 





Um comentário:

Anônimo disse...

Lindo <3