segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

EDUCAÇÃO EM CRISE: COLÉGIO MABE PEDE SOCORRO

Por: ARIEL DE CARVALHO - PASCOM MENINO DEUS - VICARIATO URBANO

Rio de Janeiro, 05 de dezembro de 2011.


Prezados,

A notícia é triste, mas é verdadeira. O Colégio da Mabe encontra-se em seus últimos momentos presente no número 124 da Rua do Riachuelo no Centro do Rio de Janeiro onde desde 1943 quando nesse endereço se estabeleceu formou milhares de homens e mulheres para a vida.
Muitos que habitam as redondezas do colégio já estudaram, ou já teve um filho, um pai, uma mãe, um amigo que estudou no colégio. Muitos passaram toda sua infância, parte de sua adolescência nas dependências desse lugar e certamente guardam boas memórias.
Lá nunca tive o que me queixar nos 12 anos que vivi intensamente. Lá aprendi muitas coisas e não vou cansá-los enumerando-as. Quem não freqüentava os espetáculos do balé, o teatro, as escolinhas de futsal, natação, judô, das festas caipiras no meio do ano e de encerramento no final? Quantos não lembram dos funcionários, professores, diretores, das aulas de educação física, do recreio, das conversas da arquibancada da quadra e da piscina, da área do lanche? Muitos freqüentaram a coordenação é verdade, mas eram as salas de aula as mais concorridas. Quantos não corriam pra comprar seu lanche na cantina, para não chegar atrasado depois que tocava aquele sonoro sinal? Quantos não já subiram naquelas escadas barulhentas de madeiras e sentaram naquelas carteiras verdes com uma singela cadeirinha no seu primário? Quantos não tomaram banho e trocaram de roupa após uma exaustiva aula de educação física na quadra ou na piscina? Quantos não participaram do passeio anual e disputaram entre as turmas aquelas prendas na festa junina? Quantos não bateram ponto naquele relógio verde da portaria? Quantos não vestiram aquele uniforme cinza ou o branco com o nome da Mabe? Quantos não aprenderam a nadar naquela piscina semi – semi – olímpica? Quantos não brincaram de pique esconde, pique pega, super trunfo, bafo, naqueles corredores e cadeiras espalhadas? Quantos não tiveram que passar pela ponte de madeira improvisada quando chovia forte e inundava tudo perto dos parquinhos? Quantos meninos não subiram aquela escadinha para ir banheiro após passar correndo entre os dois parquinhos? Quantos não brincaram na casinha, no escorrega, no túnel do parquinho quando ele ainda tinha areia? Quantos não compraram material escolar no bazar da mabe foram com seus pais de matricularem na secretaria e pagarem a mensalidade na tesouraria? Quantos não tem grandes amigos até hoje que conheceu nesse lugar? Quantos não entraram com meninos e meninas por aquela porta e saíram homens e mulheres? Quantos hoje em dia dão algum valor a essa história?
Nada neste mundo é perfeito. Eu não sou, você não é. A Mabe também não. Mas temos que reconhecer o que ela representou na nossa história e lembrar com carinho o tempo em que lá vivemos.
Grandes impérios já ruíram, os dinossauros ninguém conheceu, grandes empresas, bancos hoje são só história, pessoas saudosas que já passaram por nossa vida e já se foram, a construção do número 124 da Rua do Riachuelo sempre me lembrará o Colégio que estudei um dia: uma distinta senhora de 90 anos chamada MABE.

Sem mais delongas para este fatídico momento,

Ariel de Souza Carvalho
(aluno mabeano de 1995 a 2006)

4 comentários:

joao disse...

Soube hoje com enorme tristeza e saudade, estudei minha infância nos anos 70 e 80 nesse colégio com suas figuras antológicas, Gonzaga, Zezé e Hélio entre tantos outros. Fizeram parte da minha formação, mais do que informativa, de caráter.
Perda sem reparo.

Anônimo disse...

Lendo, este singelo relato... ficou ainda mais triste, pois eu estudei nos meus primeiros anos lá... em 86 a 90.. e passei por muita coisa boa... principalmente nas festas de fim de ano e junina, assim como a disputada feira de ciências e também as gincanas... aonde sempre estava desesperado para que fosse na piscina... que era mais engraçado... oh saudades... infelizmente nem sei o que será feito deste excelente colegio, pois eu queira e muito que os meus filhos estuda-se aonde tive os melhores dias da minha vida.

Mônica Genaio disse...

Eu tinha esperanças de algum colégio se instalar nas dependências da MABE,até porque a região é carente de boas escolas. Esta semana fiquei sabendo que um grande grupo hoteleiro está construindo um hotel de 14 andares no terreno do colégio da MABE. Eles dizem que irão preservar o prédio da frente, mas todo o resto está sendo demolido. Ví uma foto aérea do terreno com a quadra e os prédios laterais e do fundo sendo demolidos... Pra quem passou a infância e adolescência dentro da MABE, é uma cena muito triste!
Uma pena!

Anônimo disse...

Paulo Rangel

Fiz meu segundo grau na Mabe (técnico de laboratório de química) vale citar a sala onde funcionava o laboratório (professor Leandro).. conheci minha esposa na sala de aula, namorei entre as árvores.. curti muito as escadas que dava acesso às salas de aula... sinto muito !!