sexta-feira, 24 de agosto de 2012

IGREJA DE SÃO JORGE TEM TERRENO DESAPROPRIADO PARA AMPLIAÇÃO DA BIBLIOTECA


Por: Extra Online\ globo.com

RIO - A devoção a São Jorge surgiu no caminho dos planos do governo estadual, que quer ampliar a Biblioteca Celso Kelly, na Avenida Presidente Vargas com a Praça da República, no Centro. O projeto exigiu a desapropriação de uma parte do terreno da Igreja de São Jorge, uma das mais tradicionais do Rio, como revelou a coluna Gente Boa, do GLOBO. Segundo a Secretaria estadual de Educação, que se manifestou apenas por uma nota oficial, a área desapropriada mede 202 metros quadrados e está desocupada. O prédio construído em 1758 não será atingido. Mas o provedor da Irmandade de São Gonçalo Garcia e São Jorge, Jorge de Aguiar, está inconformado. E faz um apelo aos devotos para que orem, de forma a que a igreja não perca um pedacinho sequer do terreno.

— A igreja em si é muito pequena. E em momentos festivos nós precisamos usar toda a área possível para atender os fiéis. No Dia de São Jorge (23 de abril), recebemos milhares de pessoas — disse o provedor.

Jorge de Aguiar recebeu um comunicado do governo do estado e encaminhou o documento para análise do Departamento Jurídico da Arquidiocese.

— Não entendo por que vão mexer com parte do terreno para ampliar a biblioteca. Não que essa não seja uma obra importante. Mas acho que, antes disso, o governo deveria investir mais em educação. Só preparando bem os estudantes é que eles sairão da escola sabendo ler de verdade — reclamou.

A reforma da Biblioteca Celso Kelly começou em dezembro de 2008, quando foi fechada ao público. Na época, a previsão era que os serviços fossem concluídos até junho de 2010. Mas as intervenções prosseguem até hoje. A biblioteca conta com um acervo de 60 mil volumes, incluindo obras raras editadas entre os séculos XV e XVIII.

— A Biblioteca Celso Kelly é a mais importante da cidade em relação ao acervo que conta a história do Rio. Isso é inegável. Mas qualquer ampliação deveria levar em conta a importância histórica da Igreja de São Jorge. Muitas vezes, as obras públicas ignoram isso. Para que a Avenida Presidente Vargas fosse construída, por exemplo, quatro igrejas centenárias foram demolidas — disse o historiador Milton Teixeira.



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