A imprensa brasileira e internacional deu destaque à agressão sofrida pela voluntária italiana Alice Bianchi, de Savona de 24 anos, que presta serviço civil na Casa do Menor São Miguel Arcanjo – Nova Iguaçu – Baixada Fluminense do Rio de Janeiro.
Alice Bianchi desde fevereiro foi encaminhada com outros três jovens pela Cáritas Italiana de Mondovi, com a colaboração da Casa do Menor Itália e recebeu uma sólida preparação pedagógica e cultural sobre a realidade do Brasil, e sobretudo sobre a difícil situação infanto-juvenil que teria encontrado no seu compromisso com crianças e adolescentes da nossa instituição.
A voluntária tinha cursado o liceu com orientação psicopedagogia e depois, na universidade de Turin, se formou em ciências da comunicação.
Viemos através deste, esclarecer o ocorrido, para ajudar os jornais e os demais meios de comunicação, a ter elementos mais precisos sobre esta agressão que chocou profundamente a opinião pública, a sociedade e a comunidade da Casa do Menor, principalmente as crianças e adolescentes atendidos.
Alice foi vítima de uma agressão, no dia 28/09/2012 (sexta-feira), por parte de um adolescente de 16 anos, acolhido em uma das nossas casas há cerca de 2 meses.
Este adolescente nos foi enviado pelo Juizado da Criança e do Adolescente, carregando traumas profundos, devidos a uma triste história de abandono, violência, rejeição, uso de drogas e envolvimento no narcotráfico. No centro de acolhimento estava em tratamento psicológico, e sendo acompanhado no centro diurno em Nova Iguaçu para dependentes químicos.
A agressão foi grave e muito violenta, mas sem estupro, como foi constatado pelo médico do Hospital da Posse de Nova Iguaçu onde a jovem foi levada às pressas no primeiro tempo.
O adolescente, em um momento de crise, evadiu da instituição, Alice o convenceu de voltar. Após pouco tempo o adolescente foi ao encontro da voluntária que estava passeando pelo espaço. Inexplicavelmente, e de repente o mesmo a agrediu. Alice reagiu com todas as suas forças. O adolescente a deixou em estado de inconsciência perto do rio, onde foi logo encontrada pela responsável do centro de acolhimento e por um adolescente. O mesmo atualmente esta na cadeia na espera de julgamento.
Alice, após a chegada ao hospital, foi conduzida a Sala Amarela, pois parecia necessitar de cuidados especiais. Suas condições porém foram melhorando e a mesma conseguiu falar por telefone com a família na Itália, prontamente avisada pela direção da Casa do Menor.
A Cáritas de Mondoví e a Casa do Menor Itália, que a enviaram, tomaram todas as providências e deram uma declaração a imprensa italiana; vale ressaltar, que o Cônsul italiano no Rio de Janeiro foi informado sobre a situação, e está acompanhando diariamente, e tem prestado todo o apoio. A voluntaria foi transferida ontem (01/10/2012) para um Hospital especializado em neurologia. O Ministro para a Cooperaçao Internacional e Integraçao da Presidencia do Conselho dos Ministros da Italia, professor Andrea Riccardi enviou uma carta de solidariedade e de apoio a Casa do Menor conhecida pelo trabalho serio e eficaz e lovou as excelentes dotes educativas da Alice e sua gratidao pelo serviço civil nacional, desenvolvido no Brasil.
A mãe e o namorado conseguiram chegar ao aeroporto do Rio de Janeiro, na segunda feira, dia 1 de outubro, e foram levados ao Hospital onde encontraram a Alice que os abraçou com emoção e alegria, tranqüilizando toda a família que estava aflita.
Alice declarou que pretende continuar seu serviço de voluntariado na Casa do Menor São Miguel Arcanjo até o final do período acordado - janeiro 2013. Isso nos alegra, pois ela acredita que estes adolescentes são violentos, porque não são amados por ninguém e ela quer se doar até o fim.
Alice de fato nestes meses demonstrou ótimo relacionamento com estes adolescentes acolhidos pela instituição.
Os adolescentes que viviam no centro de acolhimento junto com o agressor estão profundamente chocados e indignados pelo acontecimento, assim como os responsáveis, os funcionários e os educadores da Casa do Menor Sao Miguel Arcanjo, presentes em vários lugares do Brasil, que estão acompanhando o caso, agradecendo Alice pelo maravilhoso serviço de solidariedade e intercâmbio.
Nós condenamos esta violência, mas precisamos também, como sociedade, governo e famílias, nos questionar juntos sobre as causas que levam muitos adolescentes a tanta crueldade.
Esclarecemos ainda que a Casa do Menor São Miguel Arcanjo é uma ONG, fundada em 1986, pelo Padre Renato Chiera, e tem como missão acolher crianças e adolescentes (de 0 a 18 anos), em situação de risco pessoal, vulnerabilidade social e dependentes de álcool e outras drogas. A mesma, através da acolhida em casas lares, com trabalho de acompanhamento psicológico e espiritual, de escolarização, de atividades lúdico-esportivo-culturais e de profissionalização, busca dar protagonismo e cidadania a estes adolescentes, visando à reinserção familiar, logo que for possível, e a entrada no mercado de trabalho, alternativa eficaz ao narcotráfico e às drogas. Nestes 26 anos de presença se tornou referência nacional pelos resultados alcançados e pela seriedade e eficácia.
Não é, portanto uma casa de detenção e não trabalha com infratores. Possui uma pedagogia propria chamada “Pedagogia Presença”, apreciada por psicólogos e pedagogos, que visa à recuperação através da “Presença” de amor dos pais sociais, da equipe multidisciplinar e da família Casa do Menor, ao lado de quem não se sente filho, nem amado por ninguém.
Já resgatamos milhares de vidas e possibilitamos profissionalização à cerca de 40 mil crianças e adolescentes, agora dignos cidadãos e trabalhadores do Brasil.
Desde sempre acolhe, a cada ano, dezenas de voluntários de toda Europa com ótimos resultados. Nunca, em tantos anos, se verificaram atos de violência contra os mesmos. Pelo contrário sempre tivemos acolhida carinhosa e agradecida a jovens que ainda tem solidariedade e querem doar a vida para quem tem menos sorte de que eles.
A Casa do Menor São Miguel Arcanjo agradece a todos que, apesar de tudo, continuam acreditando na possibilidade de recuperação destes adolescentes e mostram solidariedade e apoio moral e econômico concreto.
A Direção e Presidência da Casa do Menor Sao Miguel Arcanjo
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