sexta-feira, 12 de junho de 2015
Missão estigmatina no Santuário Santa Edwiges
Como parte das comemorações dos 70 anos de fundação da paróquia, o Santuário Arquidiocesano Santa Edwiges, em São Cristóvão, realizará as Missões Populares Estigmatinas, tendo como tema: “70 anos evangelizando na esperança”. As atividades vão acontecer entre os dias 12 e 21 de junho, nas quais 17 sacerdotes missionários da Congregação dos Sagrados Estigmas de Nosso Senhor Jesus Cristo, além da comunidade paroquial, visitarão famílias, colégios, doentes. Durante a missão, também serão realizadas confissões, orientação espiritual, casamentos e batismos comunitários.
De acordo com o reitor, padre Divino Alves Pereira da Silva, a preparação da comunidade para as atividades missionárias aconteceu quatro meses antes, para que os paroquianos estejam atentos aos desafios da evangelização nos dias atuais.
“Todo ano as missões acontecem em uma paróquia estigmatina. Como completamos 70 anos, o santuário vai receber a missão. Pelo menos quatro meses antes do evento os missionários da congregação vieram à comunidade para preparar os paroquianos e formar as equipes. A partir disso, nos reunimos com as lideranças e falamos sobre o trabalho e a respeito da Congregação dos Estigmatinos e da espiritualidade de São Gaspar, explicamos quais são os objetivos. A metodologia e a linguagem utilizadas hoje são diferentes. Temos shoppings, cinemas, tantas coisas atrativas e que, muitas vezes, nos tiram do nosso foco cristão. O que queremos é evangelizar, apesar das barreiras que encontramos nos dias atuais. Precisamos atender ao apelo feito pelo nosso Papa Francisco e sair dos muros da igreja”, disse.
Ainda segundo o reitor, essa será a primeira vez que a missão estigmatina vai acontecer numa capital. Geralmente, ela costuma ser realizada no interior ou em periferias de pequenas cidades.
Tendo como padroeira a protetora dos pobres e endividados, o Santuário Santa Edwiges recebe, durante os festejos em homenagem à santa, cerca de 100 mil fiéis. Para o padre Divino, o que representa o rosto do santuário é o acolhimento. “O rosto do santuário é o acolhimento. Muitas pessoas chegam chagadas, feridas, e aqui é o lugar onde elas são acolhidas e podem encontrar-se com Deus e consigo mesmo. Trabalhamos muito sobre essa questão. Temos o cuidado de deixar um padre disponível para atender aos fiéis. Nos deparamos com os mais diversos problemas e dificuldades e temos de ser esse consolo para que, aqueles que entram, saiam mais confortados”, contou.
A fundação da Paróquia
Com o objetivo de estimular a criação de novas comunidades para atender, espiritualmente, aos fiéis, o então cardeal arcebispo do Rio, Dom Jaime de Barros Câmara, realizou uma importante ação que contribuiu para o anúncio da arquidiocese: ele deu origem a 25 paróquias distribuídas pelas mais diversas regiões da cidade, muitas sequer tinham um templo construído.
Dentre as 25 paróquias anunciadas pelo cardeal, encontrava-se a Capela de Santa Edwiges, que, após o decreto de Dom Jaime, se desmembrou da Paróquia de São Cristóvão. No dia 2 de fevereiro de 1957, a Congregação dos Sagrados Estigmas de Nosso Senhor Jesus Cristo assume a administração da mais nova paróquia, que teve como sede provisória a capela do Hospital de São Francisco de Paula, da Venerável Ordem de São Francisco dos Mínimos, até o ano de 1959. Neste ano, a igreja passa a atuar na modesta “Casa Amarela”, terreno em que hoje se encontra elevada a matriz. Em 1962, o velho prédio é demolido para a construção do atual templo.
A inauguração aconteceu quando a paróquia ainda estava em obras no ano de 1965. A construção só foi concluída em 1973, quando também foi instalado um Seminário da Congregação dos Estigmatinos.
No dia 30 de maio de 2010, a paróquia foi elevada, por decreto do arcebispo Dom Orani João Tempesta à condição de santuário arquidiocesano, permanecendo ainda mais voltado para a devoção à santa padroeira, protetora dos pobres e endividados, cuja festa é celebrada no dia 16 de outubro.
São Gaspar Bertoni: Fundador da Congregação dos Padres Estigmatinos
Nascido em Verona, ao norte da Itália, em 9 de outubro de 1777, padre Gaspar Bertoni viveu em uma época em que a cidade italiana era palco de constantes conflitos entre os exércitos francês, de Napoleão Bonaparte, e austríaco, que ocuparam a cidade e disputavam a posse da mesma.
Como consequência, a cidade sentia as amarguras da fome e dos desmandos da libertinagem; os feridos lotavam os hospitais, as crianças pobres não tinham escola, a juventude estava desorientada e esquecida e até o próprio clero sofria influências. Nesse contexto, o jovem Gaspar cresceu, enfrentando ainda alguns dramas familiares, como a morte de sua única irmã mais nova, a incapacidade do pai de administrar os bens da família e, por fim, a separação dos pais decidida de comum acordo entre eles.
Por sugestão do pároco da Paróquia de San Paolo, entrou para o Seminário e, em 20 de setembro de 1800, quando estava com quase 23 anos, foi ordenado sacerdote ao som de tiros de canhão. Ainda como seminarista, ele já se dedicava aos doentes e logo começou o trabalho com a juventude, resgatando-os daquele ambiente hostil da cidade. Esse trabalho foi tão frutuoso que ele chegou a ser reconhecido como “Apóstolo dos Jovens”.
Chamado a colaborar nas missões populares na Paróquia de San Fermo, ele foi excelente pregador, tanto que chegou a receber da Santa Sé o título de “Missionário Apostólico”. Mas havia ainda uma grande obra para a qual Deus iria chamá-lo a realizar e que, aos poucos, foi se delineando para ele: a fundação de uma congregação religiosa.
Naquela época, as ordens religiosas eram perseguidas e até suprimidas. Eram proibidas reuniões ou quaisquer agrupamentos tidos como possíveis indícios de rebeldia e oposição aos “patrões” da cidade, que se revezavam entre franceses e austríacos.
Mas padre Gaspar, inspirado por uma visão diante do altar de Santo Inácio de Loyola, fundador dos jesuítas, ordem cuja supressão vigorava naquela época, passou a perceber, aos poucos, a vontade de Deus para a realização deste corajoso projeto.
Em 4 de novembro de 1816, ele entrou com alguns companheiros em um prédio que lhe fora destinado inicialmente a servir de escola. Esse prédio era anexo à Igreja dos Estigmas, que tinha esse nome por ser dedicada às chagas, ou estigmas, de São Francisco de Assis. Assim, além da escola, naquele ambiente de pobreza e penitência nascia, também, uma ordem religiosa que, após a morte de São Gaspar, recebeu o nome de “Congregação dos Sagrados Estigmas de Nosso Senhor Jesus Cristo”, popularmente conhecida como “Estigmatinos”.
Inspirado no título com que fora agraciado pela Santa Sé e no reconhecimento que tinha para com a autoridade dos bispos, que são os sucessores dos apóstolos, a quem Jesus deu a missão: “Ide e ensinai” (Cf. Mt 28,19), ele assim definiu a finalidade de sua congregação: “Missionários apostólicos em auxílio aos bispos”. Padre Gaspar dedicou toda a sua vida a fazer sempre à vontade de Deus. Apoiado na oração, ele sempre conseguia perceber e tudo realizar segundo a vontade de Deus.
Desde os seus 35 anos de idade enfrentou sérios problemas de saúde, que antes o levaram à beira da morte, e depois o mantiveram preso ao leito durante grande parte de sua vida, suportando terríveis dores e sofrimentos, mas sem que uma queixa saísse de seus lábios. Fez de suas enfermidades instrumentos de redenção e louvor a Deus. Chamava-as de “Escola de Deus”: são ocasiões que nos dão a misericórdia de Deus para perdoar muitas faltas que cometemos, e não fazemos penitência. Devemos vivê-las na perspectiva da fé, como uma luz religiosa, pois Deus quer a nossa salvação também através da doença e, como consequência, do sofrimento.
De seu leito de dor continuou suas atividades como mestre, pregador de exercícios espirituais e, sobretudo, como conselheiro dos que a ele acorriam. Todos os que o consultaram (bispos, magistrados, sacerdotes e fiéis) admiravam-se pela sua sabedoria e, de comum acordo, o consideraram como “Anjo do Conselho”. Muitos doentes que ele abençoou foram curados, e depois de sua morte ainda outros milagres já foram registrados por sua intercessão ou pelo contato com suas relíquias.
Padre Gaspar morreu santamente no dia 12 de junho de 1853, aos 76 anos, e foi canonizado pelo Papa João Paulo II em 1 de novembro de 1989, no dia da festa de “Todos os Santos”. Os milagres para o seu processo de beatificação e canonização foram realizados no Brasil nas cidades de Rio Claro e Rio de Janeiro.
Fonte: Portal da Arquidiocese do Rio de Janeiro
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