quarta-feira, 23 de junho de 2010

Igreja do Rio em festa: Dom Orani completa 60 anos

Texto: Carlos Moioli (Portal da Arquidiocese)
Fotos: arquivo pessoal


Nesta quarta-feira, 23 de junho, o Arcebispo Dom Orani João Tempesta completa 60 anos de vida. Filho de Achille Tempesta e de Maria Bárbara de Oliveira, e o caçula entre oito irmãos.

Nasceu em São José do Rio Pardo, interior de São Paulo, conhecida como a cidade da cebola, das ladeiras, próximo a Serra da Mantiqueira, e que ganhou fama por ter acolhido o escritor Euclides da Cunha, onde escreveu a sua maior obra literária, “Os Sertões”, enquanto supervisionava as obras da ponte de ferro sob o rio Pardo.

O temporão deveria chamar-se João Batista, como queria a mãe, mas o nome Orani foi escolhido pela irmã mais velha, Maria de Lourdes. Foi ela quem escolheu o nome dos dois irmãos e das demais irmãs. Por estar lendo na época o livro “O Guarani”, de José de Alencar, fez uma junção dos nomes Osmany com guarani. Como o menino nascesse na véspera de São João Batista, ganhou ainda o nome de João.


Durante a gravidez, a mãe folheava uma revista juntamente com a outra irmã, Paulina, quando viram uma reportagem sobre um Padre bem apessoado. Dona Maria desejou: “Que bom se fosse um menino e se fosse um Padre bonito como esse”. Na hora, o bebê se mexera, “tinha se virado na barriga”. E aconteceu como ela sonhou.

De olhos puxados, o bom menino era cercado de carinho pela família. Foi batizado e crismado na Paróquia São José, a primeira da Cidade, onde fez sua primeira comunhão. Quando criança, gostava de brincar em poça d´água e, com os colegas, de apanhar frutas no pomar de sua casa.

O pai, que nasceu na Itália, era muito devoto de Nossa Senhora Aparecida. No dia 12 de outubro soltava fogos de artifícios em honra da Padroeira. Todo o dia tinha o costume de rezar o terço e de ouvir a missa pelo rádio. A cada ano, no mês de junho, era sagrado: ele reunia a família e os vizinhos para o terço em honra de Santo Antônio, São João e São Pedro.

Depois da primeira comunhão, Orani fez o tempo de perseverança, na catequese conduzida pelas Irmãs da Escola Santa Maria, pertencentes à Congregação das Missionárias da Beatíssima Virgem Maria. Era um menino atuante, piedoso, e gostava de brincadeiras em grupo.

A vida comunitária sempre o atraiu, fruto da vida familiar, com muita gente em casa. A vida da família Tempesta, na Vila Pereira, gravitava em torno da Paróquia São Roque, administrada pelos Monges Cistercienses, que haviam construído um mosteiro ao lado da matriz. Ali, o pequeno Orani foi coroinha, aprendendo a responder a missa em latim, e depois tornou-se catequista.


Fez o Ensino Fundamental no Grupo Escolar Tarquínio Cobra Olyntho, concluindo no Instituto Estadual de Educação Euclides da Cunha, onde também cursou o Ensino Médio. Apaixonado por histórias em quadrinhos, seus amigos de infância lembram-se de um Orani que gostava de trocar gibi e de partilhar os seus bens, até o pão com goiabada ou dinheiro para a matinê no cinema.

Na adolescência, gostava de andar bem vestido, de muitos livros, de ouvir rádio, de rezar. Tinha uma vida comum, passeava no jardim da praça, conversava em rodinhas, brincava com os gatos e cachorros da casa. Preocupado com os pais, que eram idosos, começou a trabalhar bem cedo, em farmácia, entregando pão de madruga e depois num escritório de contabilidade.

Apesar dos apelos do mundo, a vocação sempre falou mais alto em sua vida. O chamado chegou, tinha se confirmado, quando ele estava voltando da escola. Ao chegar em casa, a mãe percebeu que ele estava diferente. A cada dia, falava um pouco à família da sua ideia de seguir a Deus.


No inicio de 1968, ingressou na Ordem Cisterciense, iniciando seus estudos eclesiásticos nas cidades de Itaporanga e São Paulo. Como monge professo, foi ordenado presbítero em 7 de dezembro de 1974, pelo Bispo de São João da Boa Vista (SP), Dom Tomás Vaquero.

Na sua cidade natal viveu a maior parte de sua vida, sendo pároco na Paróquia São Roque, prior do Mosteiro de São Bernardo de Nossa Senhora e, ao ser elevado à condição de Abadia, tornou-se o primeiro Abade.

Em 26 de fevereiro de 1997 foi eleito pelo Papa João Paulo II como Bispo de São José do Rio Preto (SP), governado-a por mais de sete anos, de 1º de maio de 1997 a 13 de outubro de 2004, quando foi transferido para Belém do Pará. Ao ser ordenado Bispo, como sucessor dos apóstolos, em 25 de abril de 1997, adotou o lema “Que todos sejam um”.


Na capital paraense, onde o Círio de Nazaré da Rainha da Amazônia reúne mais de dois milhões de pessoas no segundo domingo de outubro, Dom Orani permaneceu um pouco mais de quatro anos, até 27 de fevereiro de 2009, quando foi nomeado pelo Papa Bento XVI como Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio Janeiro, tomando posse em 19 de abril, na Festa da Divina Misericórdia.

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