quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Bispos para servir à Igreja com amor

Nice Affonso, do Portal da Arquidiocese do Rio de Janeiro
* Colaboração: Ailton Fernandes, Beatriz Matos, Larissa Mogi, Marcylene Capper

* Fotos: Carlos Moioli



Na manhã desta quarta-feira, 24 de novembro, o Arcebispo Metropolitano, Dom Orani João Tempesta, anunciou pela Rádio Catedral os nomes dos 3 novos Bispos Auxiliares para a Arquidiocese do Rio de Janeiro, conforme documento da Nunciatura Apostólica do Brasil. Conheça as palavras do anúncio e os breves discursos proferidos pelos novos Bispos Auxiliares.


Anúncio proferido por Dom Orani João Tempesta

Hoje, a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro recebe com alegria o anúncio da nomeação de três novos Bispos Auxiliares. São eles: Monsenhor Pedro Cunha, Monsenhor Nelson Francelino e Monsenhor Paulo César.

Anuncio a todos os queridos Diocesanos que o Santo Padre, o Papa Bento XVI, provisionou a nossa Igreja com esses novos irmãos auxiliares, que serão de uma imensa ajuda na missão evangelizadora nesta metropolitana cidade.

Hoje é dia de agradecer a Deus por todos os dons que recebemos e olhar com confiança para o futuro. Cada dia é um novo dia para que possamos dar passos e acolher o Senhor que conduz a história. Somos chamados a ver os sinais dos tempos e perceber o chamado de Deus para a vida de Santidade, enquanto ajudamos, com o testemunho e com a Palavra, a construir um mundo mais justo e humano.

O tamanho da Arquidiocese e toda a vitalidade que tem necessita de homens de Deus que assumam também essa missão. Dentre tantos que poderiam ser escolhidos, quis, pela providência de Deus e ação do Espírito Santo, que o Santo Padre escolhesse esses irmãos que peço a todos para que os acolham com muita alegria e disponibilidade.

Após um tempo de reorganização das suas vidas e dos seus trabalhos, irão assumir a missão em nossa Arquidiocese. Já prevemos para o dia de São Sebastião, em 20 de janeiro de 2011, o juramento de fidelidade e a profissão de fé, e para o dia 05 de Fevereiro, sábado, às 9 horas da manhã, em nossa Catedral Metropolitana de São Sebastião, a ordenação episcopal, para a qual, desde já, convido a todos. Será uma bela e importante solenidade.

Fico feliz em poder contar com esses irmãos, que, juntamente com os demais que já estão conosco, para dividir o peso do dia e da missão, para que possamos ainda mais fazer um belo trabalho em nossa Igreja Particular.

Agradeço ao Santo Padre, o Papa Bento XVI, que nos concedeu esses três auxiliares com os quais a Igreja do Rio de Janeiro poderá ainda mais avançar mar adentro para evangelizar mais profundamente todo o nosso tecido social.

Essa nomeação é anunciada no dia em que celebramos os mártires do sudeste da Ásia e quando iniciamos em nossa cidade a 50ª edição da Feira da Providência. São sinais que nos demonstram que somos chamados a testemunhar com generosidade e alegria a nossa fé, mesmo em meio às provações e dificuldades. Temos também o compromisso de continuar a missão que outros nos deixaram, em especial o trabalho social, procurando encontrar novos caminhos que respondam aos questionamentos de hoje.

Amanhã é o Dia Nacional de Ação de Graças! Convido a todos os irmãos e irmãs para agradecemos a Deus pelo ano litúrgico que finda, e, antes de iniciarmos um novo ano no próximo final de semana com o Advento, somos chamados a reconhecer os dons e as graças que Deus nos concede a cada momento.

Deste limiar do novo ano litúrgico, posso também olhar o futuro, com suas alegrias e dificuldades, com muita confiança e esperança de que faremos a nossa parte na história tão bela e importante de que somos herdeiros.

Aos três irmãos sacerdotes, ora nomeados, o meu abraço fraterno, o louvor a Deus pelo Sim que deram a Deus e à Igreja e as boas vindas nessa missão que continua, agora, com essa colaboração mais próxima.

Discurso do Monsenhor Nelson Francelino Ferreira


Ser Bispo é uma realidade que amplia o serviço e a responsabilidade. Dentre as várias funções, ser Bispo inclui a tarefa de serviço e diálogo na igreja e no mundo, em profunda comunhão com a Igreja. Isso requer, além de uma adequada formação pessoal, doutrinal, pastoral, mas sobretudo uma espiritualidade profunda, que cultive a escuta atenta dos sinais dos tempos.

Disse Bento XVI ao receber os Bispos novos em Roma: “O Bispo não é um mero governante(...) São a paternidade e a fraternidade em cristo que dão ao Superior a capacidade de criar um clima de confiança, acolhida, afeto, mas também de franqueza e justiça”.

Agradeço a confiança do Santo Padre, o exemplo do nosso Arcebispo, o incentivo e a amizade dos colegas presbíteros, o apoio da família, ao seminário São José — que deu-nos os fundamentos da formação teológica e filosófica e, sobretudo, às comunidades por onde passamos ao longo desses 20 anos de vida sacerdotal: São Luis, Rei de França (Costa Barros), São Marcos Barra da Tijuca) e Nossa Senhora da Glória (Largo do Machado), que ajudaram a tecer o sacerdote que somos hoje. O nosso sacerdócio, se assim puder dizer, tem as impressões digitais de muitas vidas e histórias.

Ser nomeado Bispo da Igreja do Rio de Janeiro, legítimo sucessor dos apóstolos, mais do que ser um título de honra, é um título de serviço, que só terá êxito na obediência às diretrizes da Igreja e na comunhão com o colégio episcopal. Todo o isolamento representará um risco fatal. E isso me angustia, pois a amplitude desse serviço vai além das nossas possibilidades; mas São Paulo nos tranqüiliza quando diz: “Deus capacita os escolhidos”.

Na certeza de que Deus olhou para a pequenez desse serviço, tentamos reproduzir, assim, as palavras ungidas da Virgem, a quem devotamos e consagramos esse novo mistério que vamos assumir na Igreja: “Eis aqui o teu servo, Senhor! Faça-se tudo, conforme tua palavra”.. E como dizia Santa Teresa d’ Ávila: “Em tudo me sujeito ao que professa a Santa Igreja Católica Romana, em cuja fé vivo, afirmo viver e prometo viver e morrer.”

É nessa direção que convoco a toda comunidade arquidiocesana a rezar por nós, afim de que sejamos sempre solícitos ao Espírito Santo, nesse espírito de comunhão com os leigos, com amigos presbíteros, com os bispos e, sobretudo, com o Santo Padre, pois todo fracasso está apontado para o isolamento.


Discurso do Monsenhor Paulo Cezar Costa


Foi com temor e tremor que aceitei este chamado do Senhor, para o ministério episcopal, através do Papa Bento XVI. O Senhor já tinha me pedido muitos “Eis me aqui”, mas este foi o mais difícil, pois até hoje ainda vivo uma mistura de medo e confusão, pois muda a vida.

Saúdo de modo especial nosso querido Arcebispo Dom Orani João Tempesta, de quem o Papa me nomeou auxiliar, lhe prometo amizade, fidelidade e dispensar as melhores forças para ajuda-lo no cumprimento da sua missão de Arcebispo nesta grande e dasafiadora cidade.

Minha saudação aos Bispos Auxiliares, aos Vigários Episcopais, coordenadores de regiões, aos padres, religiosos e religiosas e a todo o amado povo de Deus desta grande e bela cidade. Vocês já começaram a estar no meu coração e nas minhas orações. Entro na vida e na história desta Arquidiocese com o desejo de doar minhas forças e minha inteligência para que o Evangelho possa penetrar cada vez mais os diversos ambientes e setores da vida desta cidade, possa gerar mais vida e vida da graça e fazer com que as pessoas possam viver com mais fé e por isso, com mais esperança. Minha disposição é ser presença do amor de Deus, do Bom Pastor, nas realidades intraeclesiais e extraeclesiais.

Gostaria, agora, de recordar os lugares onde me encontro, neste tempo em que o Senhor me visitou e me chamou para este novo ministério:

A diocese de Valença, Dom Elias, os padres e todo o bom povo de Deus desta amada Diocese, à qual servi durante 17 anos e a qual terei sempre no coração e nas orações.

Os Bispos e as Dioceses que compõem o projeto de comunhão do Seminário Maior Diocesano Paulo VI, do qual sou atual reitor: Dom Luciano Bergamin, Dom João Messi, Dom Elias, Dom José Francisco e Dom José Ubiratan. Muito obrigado pela vossa amabilidade, amizade e pela confiança depositada em mim. Os meus amados seminaristas, vocês estão e sempre estarão no meu coração.

O Departamento de Teologia da Puc-Rio, no qual trabalho desde 2002 e do qual sou atual diretor. Ali aprendi muito e tentei construir um relacionamento que seja condizente com a realidade da fé que professamos e ensinamos, pois para o cristão nada pode ser feito sem caridade e verdade.

Confiando no Senhor, que sinalizado pela bela imagem do Redentor do Corcovado, abençoa e protege esta cidade e na presença materna de Maria, representada pelo Santuário da Penha, coloco-me sob a proteção de São Sebastião, padroeiro desta cidade e Arquidiocese. Entro na vida desta Arquidiocese com muita esperança e desejo de somente servir, como me ensina a cada dia o Bom Pastor.

Confio-me às orações de todo o povo de Deus desta nossa amada arquidiocese. Muito Obrigado.



Discurso do Monsenhor Pedro Cunha Cruz


Excelentíssimo Dom Orani João Tempesta, Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, Excelentíssimos Bispos Auxiliares, Reverendíssimos Vigários Episcopais, sacerdotes, religiosos e religiosas, diáconos e todo o povo santo de Deus. Gostaria de agradecer profundamente o convite e a nomeação que o Santo Padre, o Papa Bento XVI, me fez como Bispo Auxiliar desta Arquidiocese. Confesso que me senti lisonjeado pela nomeação, que ainda brada forte no meu íntimo, pois nos sentimos sempre servos inúteis. Nos constantes ecos deste chamado, coube-me, muitas vezes, recorrer ao Sacrário e prostrar-me em atitude de adoração e intercessão diante deste apelo da Igreja.

Reconheço toda a minha limitação para desempenhar esta função, mas sendo obediente à Igreja e à voz do Espírito que sopra onde quer, aceitei o chamado do Sucessor de Pedro, ao qual reforço meu agradecimento pela confiança em mim depositada na relevância deste ministério episcopal. Peço a Deus e conto com a oração de todo o povo santo de Deus, para continuar, com a mesma alegria e realização sacerdotal, este ministério a mim confiado; seja no aspecto pastoral, quer na atividade docente, voltada, sobretudo, para os futuros presbíteros, na formação do laicato, assim como na evangelização e diálogo com a cultura hodierna.

Aproveito a oportunidade para agradecer também a Dom Orani Tempesta, o apoio de sua amizade e confiança como Pai e Pastor, esperando corresponder como seu colaborador no desafio e responsabilidade de apascentar todo o Rebanho do Senhor a ele confiado. Vejo este chamado na ótica do plano de Deus para a minha vida, que não deve ser outro que doação, serviço e amor à Igreja.

Lendo alguns fragmentos do livro-entrevista do Papa Bento XVI, intitulado “Luz do Mundo”, o mesmo diz quando foi eleito sucessor da cátedra de Pedro: “Estava seguro que esta missão não seria destinada a mim. Mas nunca se deve fugir do desafio do chamado e pedir a outra pessoa que o assuma”. Faço minhas as palavras do Santo Padre, e conto com as orações de todos nesta nova tarefa. E que Deus me ajude neste bom propósito. Obrigado.


Após os discursos, o Setor de Comunicação da Arquidiocese do Rio de Janeiro apresentou aos Monsenhores alguns questionamentos referentes ao desempenho do novo ministério, que, a partir de agora, abraçam.

Comunicação: Quais são as expectativas, as perspectivas que os senhores têm para essa nova missão que a Igreja os chama, e que nós acolhemos com muita alegria?

Monsenhor Nelson: Eu diria que ainda me encontro sob o impacto e não foi possível criar expectativas. Como eu dizia, sei que a missão é muito ampla e ardorosa. Sei que me sinto pequeno demasiadamente para a missão, mas, na confiança e no consolo de São Paulo, sei que o Senhor há de capacitar os escolhidos.

Monsenhor Paulo: Como diz o Monsenhor Nelson, estamos ainda sob impacto da noticia recebida há alguns dias já, mas o coração ao poucos vai se tranquilizando. A perspectiva é colocar as nossas forças, nossa inteligência à disposição da Igreja do Rio de Janeiro, no auxilio do Arcebispo de quem o Santo Padre nos nomeou auxiliar. Sabemos que os desafios são muitos. Sabemos que uma cidade como o Rio de Janeiro é uma cidade muito complexa. A evangelização de uma grande cidade como o Rio de Janeiro empenha forças, empenha união, empenha inteligência. Eu acho que o nosso desejo é esse: colocar as nossas forças para que cada vez mais o evangelho de Jesus Cristo possa ser conhecido, possa ser amado, para que a Igreja cada vez mais possa estar presente nos diversos setores dessa grande e complexa cidade. Nós queremos colocar os dons que Deus nos deu e tudo aquilo que a Igreja nos deu até hoje. Ela nos preparou, nós fizemos todo um caminho. E colocar tudo isso à disposição da Igreja, na busca de uma fidelidade cada vez mais profunda nesse chamado de Deus.

Monsenhor Pedro: Confesso que quando recebi a notícia estava entrando na Universidade Católica, e, então, fiquei realmente impactado. Como falei, nós temos os ecos desse impacto. Porque a diferença entre o Ministério Sacerdotal e o Episcopal é que no Sacerdotal nós nos preparamos durante anos, antes, no Seminário, e, no Episcopal, o chamado é feito de maneira quase imediata e sempre nos sentimos incapazes ou servos inúteis, como mencionei aqui. Mas, conversando com um bispo amigo, ele me deu uma resposta muito simples e, ao mesmo tempo, muito profunda, que expressa a grandeza e identifica propriamente esse ministério. Ao dizer “você já deu sim à Igreja, através da ordem sacerdotal”, então, na verdade, para o ministério episcopal é apenas uma extensão. O ministério episcopal não deve ser visto como uma pompa, como uma honra, você não deve ter uma visão principesca desse ministério. Mas não é outra coisa senão um serviço. Então, na nossa simplicidade e humildade, estamos simplesmente para agregar, somar, ajudar naquilo que a Igreja tem como necessidade.

Comunicação: Os senhores já escolheram, já pensaram no lema do ministério?

Monsenhor Paulo: Confesso que ainda não. Tenho, assim, algumas ideias. Uma imagem que sempre me acompanhou, durante todos os anos da minha vida sacerdotal, é a imagem de Cristo Bom Pastor. Eu fiz meu doutorado em sistemática e na área da patrística. Uma imagem que sempre me chamou muita atenção é a imagem de Cristo, a primeira imagem de Cristo que a tradição cristã conhece, que é a imagem de um pastor que conduz as ovelhas postas, uma imagem de Cristo que conduz a alma ao paraíso. E essa imagem sempre me acompanhou durante todo o meu ministério sacerdotal. Eu tenho, no meu quarto, dois quadros pintados do bom pastor. É alguma coisa por aí, meu lema vai caminhar um pouco nessa direção, porque eu penso que o padre tem que ser, antes de tudo, imagem de Cristo, de Cristo bom pastor, que acolhe, que sara, que cura, que corrige, mas sempre com essa imagem do pastor que é bom e do pastor que é belo.

Monsenhor Pedro: Não posso responder plenamente, porque o lema está ainda em fase embrionária. Mas eu estou dividido (...) Talvez seja o salmo 27, 9. Talvez que “o Senhor é a força da minha vida” — talvez seja esse, ainda não me decidi totalmente.

Monsenhor Nelson: (...) Eu iria pela linha da eclesiologia. Gosto muito e me sinto profundamente inclinado a sentir com a Igreja. Diante do ministério, diante da amplitude do ministério episcopal, pensar em isolamento é algo que esvazia toda a possibilidade de serviço. Então esse sentir Eclesiae é algo que me chama muito a atenção. Toda vez que eu pensar em eventual isolamento, eu vou estar minguando a minha vocação. Então, prefiro estar com a Igreja e com a Igreja há essa garantia, essa segurança, de que estou no caminho aberto por Jesus.

Comunicação: Como será o trabalho de cada um dos senhores na formação dos leigos da Arquidiocese?

Monsenhor Pedro: Toda a minha formação foi voltada para os futuros presbíteros, e pedi particularmente a Dom Orani que continuasse essa atividade docente, sobretudo no seminário São José, não em outro lugar. E é claro que não se pode assumir o ministério, seja sacerdotal ou episcopal, senão visando a formação, sobretudo do laicato. Olhando um pouco a passagem do Papa Bento XVI aqui pelo Brasil, ele não estava tão preocupado com a questão numérica dos fiéis, mas com a condição e a capacidade de responder por essa preparação, também teológica, aos diversos desafios que o mundo hoje apresenta à Igreja. Acho que seja mais ou menos nessa linha que a gente vai tentar trabalhar.

Monsenhor Paulo: O Documento de Aparecida tem uma intuição muito interessante, quando ele fala do discípulo missionário. Falar do discípulo missionário é falar do cristão maduro. O cristão maduro é alguém que teve um encontro profundo com Jesus Cristo e busca, a cada momento, aprofundar esse encontro que teve, busca aprofundar a sua experiência de fé. A Arquidiocese já tem diversos mecanismo, já tem diversos cursos para a formação do laicato. Nós nos inseriremos em tudo isso que a Arquidiocese já possui, (...) e continuaremos colocando todos aqueles dons que a Igreja nos deu, aqueles dons que o Senhor nos deu e também a preparação dada pela Igreja à disposição para a formação do laicato, para que nossos leigos possam ser cada vez mais cristãos conscientes, para que possam ser verdadeiros discípulos, e discípulos missionários.

Monsenhor Nelson: Eu acredito muito na força do leigo. Eu acho que a força do leigo também está na sua formação. Há mais de 14 anos nós somos colaboradores do Instituto de Ciências Religiosas, e, graças a Deus, temos a alegria de estarmos empenhados na fundação de um novo Instituto de Ciências Religiosas, voltado para a formação do leigo.



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