O que é um Bispo? O ministério do Bispo é aquele doce serviço de amor. Ao mesmo tempo, realça a índole pastoral do poder episcopal, que tem essencialmente por objetivo a edificação do povo de Deus, na unidade da fé e do amor. O caráter pastoral, o espírito paterno e o fim eclesial do poder do Bispo são evidenciados de maneira peculiar no seu santo serviço em favor dos sacerdotes, dos leigos e dos consagrados da Igreja diocesana. É recordado com particular insistência ao Bispo o estreitíssimo vínculo sacramental que o une aos sacerdotes, para os quais ele deve ser pai, irmão e amigo, a fim de fazer com que todo o presbitério cresça na fraternidade e naquela "obediência comunitária", característica própria da identidade presbiteral, como indicou o Santo Padre na Exortação Apostólica pós-sinodal "Pastores dabo vobis" (n. 28).
O Bispo exerce os "tria numera" que constituem a sua função pastoral. De fato, o Bispo é pastor enquanto evangelizador, santificador e guia do povo cristão.
O Bispo, mestre da fé e mensageiro da Palavra (munus docendi) tem o grave dever de ser o primeiro responsável pela evangelização e pela catequese, bem como deve ter a sua sensibilidade e atenção aos vários ambientes e meios para a difusão do Evangelho.
Como santificador do povo cristão (munus sanctificandi), o Bispo deve centralizar a sua vida na liturgia, centro da vida da diocese, sobretudo na celebração eucarística. Nesse contexto, são enfrentados também importantes temas como a centralidade do domingo, a importância da piedade popular, o decoro dos lugares sagrados, etc.
Do governo pastoral do Bispo (munus regendi) é evidenciado o radical espírito de serviço e de vigilância sobre o desenvolvimento da vida diocesana.
Os novos bispos auxiliares, sempre em comunhão com toda a Igreja e em especial com o Arcebispo Metropolitano, devem manter e animar a ação pastoral orgânica. Somos chamados a refletir juntos sobre o que é melhor para a Igreja que está no Rio de Janeiro, e, como serviço generoso, amar o clero e sermos promotores da ação pastoral e evangelizadora.
Desejo-vos, queridos Bispos Auxiliares, como meus estreitos colaboradores no governo da Igreja do Rio, que se espelhem unicamente na figura santa do Bom Pastor.
Com os novos auxiliares teremos ainda mais possibilidades de aumentar as Visitas Pastorais, nas quais são enfrentados os problemas, principalmente no que diz respeito à organização paroquial em nossa megalópole, e também contar com mais assistência pastoral nos casos de necessidades particulares.
No rito de sagração episcopal, na hora da entrega do anel, na liturgia da Sagração episcopal, irei dizer aos eleitos: "Recebei o anel, sinal de fidelidade, e na integridade na fé e na pureza da vida guardai a Santa Igreja, noiva de Cristo". A Igreja é "noiva de Cristo" e o Bispo é o "guardião" (episkopos) desse mistério.
O Papa Bento XVI disse aos bispos eleitos neste último ano que: “A missão do Bispo não pode ser entendida a partir da mentalidade da eficiência e eficácia, porque essas concentram a atenção primariamente sobre o que se precisa fazer, mas devemos ter sempre presente a dimensão ontológica, que é a base daquela função. De fato, o Bispo, pela autoridade de Cristo da qual é revestido, quando senta à sua Cátedra é colocado "acima" e "à frente" da comunidade, porque ele é 'para' a comunidade, à qual dirige a sua solicitude pastoral (João Paulo II, Exortação apostólica pós-sinodal Pastores Gregis, n. 29).
A Regra Pastoral do Papa São Gregório Magno, que poderia ser considerada o primeiro 'Diretório' para os Bispos da história da Igreja, define o governo de pastoral como "a arte das artes" (I, 1.4), e precisa que o poder de governo "rege-o bem quem sabe com ele levantar-se contra as faltas e a partir dele ser igual aos outros [...] e domina sobre os vícios, antes que sobre os irmãos" (II, 6)”. “Grandes são as responsabilidades de um Bispo para o bem da diocese, mas também da sociedade. Ele é chamado a ser "forte e decidido, justo e sereno" (Congregação para os Bispos, Diretório para o ministério pastoral dos Bispos Apostolorum Successores, n. 44), para um sábio discernimento das pessoas, da realidade e dos acontecimentos, exigidos pela sua tarefa de ser "pai, irmão e amigo" (Ibid., nn. 76-77) no caminho cristão e humano.
Particularmente esclarecedoras são, a esse respeito, as palavras de uma antiga oração de Santo Aelredo de Rievaulx, Abade Cisterciense: "Tu, doce Senhor, tendes colocado alguém como eu à frente da tua família, das ovelhas do teu pasto [...] para que pudesse ser manifestada a tua misericórdia e revelada a tua sabedoria. É prazeroso à tua benevolência governar bem a tua família através de tal homem, para que se veja a sublimidade da tua força, não aquela do homem, de tal forma que não tenha o que se vangloriar o sábio na sua sabedoria, nem o justo na sua justiça, nem o forte na sua força: porque quando esses governam bem o teu povo, és tu que o governas, não eles. E, portanto, não a nós, Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá glória" (Speculum Caritatis, PL CXCV).”
O que desejo dos novos colaboradores? Que façam nossos fiéis viverem a santidade. Uma Igreja inteiramente animada e mobilizada pela unidade e caridade de Cristo, Cordeiro imolado por amor, é a imagem histórica da Jerusalém celeste, antecipação da Cidade santa, resplandecente da glória de Deus.
A Virgem Maria alcance para a nossa querida Arquidiocese, animada com novos bispos a ser abundantemente revestida da força do alto (cf. Lc 24,49), irradiar a santidade de Cristo. A Ele seja dada glória, com o Pai e o Espírito Santo, nos séculos dos séculos. Amém.
Aos três irmãos sacerdotes ora nomeados para a solicitude de meu ofício de Arcebispo do Rio de Janeiro empenho o meu abraço fraterno, o louvor a Deus pelo Sim que deram a Deus e à Igreja e as boas vindas nessa missão que continua, agora, com essa colaboração mais próxima.
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