Fotos: Nice Affonso e Victor Gonzalez
A tarde do Seminário “João Paulo II: Cartas e documentos” levou os presentes à Capela Ecumênica da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) à reflexão sobre a importância dos artistas, dos anciãos, dos jovens, das crianças, do ecumenismo e do respeito à vida, na última quarta-feira, 28 de setembro.
Para o assessor eclesiástico da Pastoral Universitária (PU) na Uerj, Diácono Marcos Gayoso, o seminário foi muito importante para a Igreja porque foi um momento em que a Universidade, que é laica, se abriu para o universo religioso católico.
— A gente teve a presença da Universidade enquanto instituição pensante, onde a racionalidade impera, abrindo o coração para receber a mensagem cristã. (...) E eu acho que foi um pontapé inicial para que a gente possa fortalecer a PU na Uerj e aumentar a relação entre a Uerj e a nossa Igreja no Rio de Janeiro, destacou o Diácono.
A professora doutora Maria Lúcia Grillo do Instituto de Física da UERJ apresentou trechos da “Carta de João Paulo II aos Artistas”. Demonstrando que a arte é também uma ciência e que precisa comportar valores morais e éticos, a conferencista foi abordou o pensamento do Servo de Deus beatificado em 1º de maio deste ano. Para João Paulo II, todos os homens são convidados a serem “artífices da própria vida, fazendo dela uma obra de arte, uma obra prima”. Mas especialmente os artistas, que receberam de Deus esse dom, são convocados a reconhecer no seu talento uma “espécie de centelha divina”.
No documento, o Beato destacou que os artistas prestam um serviço social qualificado ao bem comum, lamentou que ainda exista a separação entre o mundo da arte e o da fé e alertou para o fato de que “o conhecimento da fé pode tirar proveito da intuição artística”, porque “a Igreja precisa da arte, especialmente pelo que é inefável”. A professora afirmou que João Paulo II lembrou também que é o Espírito Santo que estimula a capacidade criativa e pediu aos artistas que colaborem com a evangelização: “que a vossa arte contribua para a consolidação da beleza autêntica (...) abrindo ânimo ao sentido do eterno”, frisou Maria Lúcia.
Carta de João Paulo II aos Anciãos
A jornalista da Arquidiocese do Rio Andréia Gripp abordou a “Carta de João Paulo II aos Anciãos”, instrumento pelo qual o Beato lembrou à sociedade que “o dom da vida, apesar da fadiga e dor que a caracterizam, é belo e precioso demais para que dele nos cansemos”.
- Ele foi, verdadeiramente, um sinal de que o ancião tem muito a contribuir com a sociedade, e não teve medo de dizer que “é bonito poder gastar-se até o fim pela causa do Reino de Deus”, destacou Andréia.
Especialmente para esta sociedade ocidental, em que — de acordo com o último censo (2010) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) — a expectativa de vida é de 73,1 anos de idade, a jornalista quis deixar a mensagem do Beato que lembrou a importância da valorização da contribuição moral dos anciãos e não apenas a verificação da sua capacidade produtiva. Para João Paulo II, em todas as fases o homem é imagem e semelhança de Deus, e por isso é importante cuidar da dignidade da pessoa. Ele revelou a “velhice como outono da vida” e “expressão da benção divina”, e ainda chamou os anciãos a encararem a proximidade com a morte com alegria, por se tratar do momento especial de encontro com Cristo.
Carta de João Paulo II aos Jovens
O Bispo Auxiliar do Rio Dom Nelson Francelino falou sobre a “Carta de João Paulo II aos Jovens”. Recordou que o Beato reconhecia a juventude como grande riqueza e futuro de um país.
Dom Nelson destacou que João Paulo II pediu à juventude que nunca se deixasse “instrumentalizar”, de forma que assuma sempre seu protagonismo na sociedade. De acordo com o Bispo, este foi também o intuito do Beato ao dar início aos encontros da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) — o maior evento juvenil do planeta.
- João Paulo II quis fazer a pessoa de Cristo o centro da vida da juventude (...) Possibilitou, assim, que a presença viva de Deus acontecesse no meio da multidão de jovens, contou Dom Nelson.
O Bispo destacou ainda o desejo do Beato de que os jovens não temessem nada e anunciassem o Evangelho nas suas realidades de vida, pois, para ele, a sociedade precisa de jovens diferentes: “precisamos de santos sem véu e nem batina. Precisamos de santos que coloquem Deus em primeiro lugar. Santos com a espiritualidade inserida no seu tempo”.
Em seguida, André Luiz da Legião da Boa Vontade (LBV) lembrou a importância de socializar o homem pela religião, porque, conforme João Paulo II “o ecumenismo é um dever urgente.”
Carta de João Paulo II às Crianças
A religiosa, Irmã Gabriela da Anunciação (Congregação Nossa Senhora de Belém) falou sobre a “Carta de João Paulo II às Crianças”. Ela lembrou que o Beato iniciou o documento destacando a importância do natal e do menino Jesus, que se fez criança, presente no presépio. Ela frisou a relevância que ele dava ao papel dos pais, não apenas como geradores, mas como educadores, de forma a prepararem as crianças para que sejam futuros jovens e adultos que tenham responsabilidade.
A religiosa destacou o “primeiro momento importante, um dos mais belos da vida”, para o Beato: “a primeira comunhão”. João Paulo II apresentou a eucaristia como fonte de força espiritual para as crianças, citando os santos e beatos da Igreja nesta fase da vida, como São Tarcísio, São Luiz Gonzaga e Santa Inês.
Evangelho da Vida
O Bispo Auxiliar do Rio Dom Antonio Augusto apresentou os temas presentes na “Encíclica Evangelho da Vida”, lembrando que João Paulo II quis mostrar à sociedade que “o homem é chamado a uma plenitude de vida”, exatamente por causa do valor grandioso da existência humana.
Para Dom Antonio, a grande ideia desta Encíclica é a consciência de que a vida de cada pessoa é única, inestimável e insubstituível. E, portanto, tudo quanto se opõe à vida — como o aborto e a eutanásia —, que viole a integridade da pessoa humana, às consciências ou que são situações que explorem os indivíduos são causas de grandes ofensa à civilização humana.
O Bispo destacou também que o pior pecado é a desvalorização da vida. Por isso mesmo o Beato destacou no documento que “é preciso que exista um povo da vida e pela vida”, já que a sociedade atual está perdendo a capacidade de distinguir a diferença entre o bem e o mal e usando desculpas para descartar as pessoas, especialmente aquelas impossibilitadas de usarem “rotas de fuga”, como os fetos, os inconscientes e os idosos.
- Há um tsunami moral sobre a consciência humana, que impede as pessoas de discernirem entre o bem e o mal. O mal está perdendo o caráter de crime e adquirindo o caráter de direito, o que vai criando uma cultura pouco solidária. (...) Eu só me realizo quando me abro ao outro, que é amigo e não inimigo. É o eclipse de Deus que causa o tsunami da consciência, afirmou Dom Antonio.
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