sábado, 7 de abril de 2012

Auto da Paixão emociona multidão na Lapa

Texto: Raphael Freire, do Portal da Arquidiocese do Rio

Os cariocas se reuniram na noite da Sexta-feira Santa, 6 de abril, nos Arcos da Lapa, para viverem as emoções da encenação do Auto da Paixão de Cristo. Realizado há 42 anos pela Associação Cultural da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, a peça surpreendeu pela beleza e sensibilidade, além de inovar trazendo para o público um telão que exibia a cada cena os lugares percorridos por Jesus, contextualizando, assim, a história da Paixão do Senhor.

Levando aos presentes momentos importantes da vida pública de Jesus, os 33 atores da Companhia de Teatro Julieta de Serpa empreenderam o melhor de suas emoções. Com direção de Márcio Fonseca, a peça mostrou o Sermão da Montanha, a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, a mulher adúltera, o cego de nascença, os anciãos tramando a morte de Jesus e a última ceia. A agonia no Horto das Oliveiras, a traição de Judas e a prisão de Jesus, que foi levado ao Sumo Sacerdote, experimentou a negação de Pedro, foi a Pilatos e depois a Herodes, retornando, em seguida, a Pilatos, sofrendo a flagelação, condenação, coroação de espinhos e crucifixão — momentos finais da vida do Messias — também foram relatos representados com muita sensibilidade.


— É um orgulho muito grande e uma honra como carioca poder dirigir o Auto da Paixão, aqui, nos Arcos da Lapa. Lembro que, quando eu era pequeno, eu vinha com a minha mãe assistir a Paixão de Cristo, interpretada por grandes nomes da teledramaturgia e do teatro. Hoje, pra mim, estar dirigindo esse espetáculo é um presente que eu posso dar à minha cidade, é um presente que eu posso dar para a Igreja Católica, porque eu sou católico com muito orgulho, disse Márcio Fonseca.


O diretor do Auto falou ainda sobre os desafios de se realizar a produção de uma peça tradicionalmente conhecida pelo povo carioca.

— O desafio é que essa história já foi contada muitas vezes, mas é a história que modificou a História. Quase toda a civilização moderna, hoje em dia, gira em torno dessa história que modificou todos os parâmetros; e é um desafio que o teatro tivesse essa responsabilidade de emocionar essas pessoas, não importando quantas vezes elas tenham assistido. Esse é o 42º ano da Paixão de Cristo, aqui, nos Arcos da Lapa. Se uma pessoa veio aqui quando ela tinha 20 anos hoje ela está com 62 e eu quero que ela, pela quadragésima segunda vez, se emocione, sendo esse o nosso maior desafio, destacou.

Mais do que retratar o sofrimento passado por Jesus, o objetivo da peça foi dar destaque ao sentido da Páscoa, quando Cristo, ao preço do seu precioso sangue, redimiu a humanidade e venceu a morte. Para o ator Roberto Padula – que interpretou Jesus pela terceira vez – foi uma grande graça poder participar novamente do espetáculo que reuniu arte, música, coreografia, cenografia e uma grande queima de fogos, revelando uma nova forma de evangelizar.


— A sensação de fazer Jesus nunca é fácil. Apesar de ser a terceira vez, é como se fosse a primeira. A empolgação, energia e apreensão são as mesmas, e é uma grande honra representar Jesus, pois ele é um homem muito conhecido e muito importante para todas essas pessoas que aqui estão. Eu me sinto um agraciado por mais uma vez poder executar o papel desse homem incrível, afirmou Padula.

Antes da encenação do Auto da Paixão, o Arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta, saiu em procissão, da Catedral Metropolitana, pelas ruas do Centro da Cidade. As imagens do Senhor Morto e de Nossa Senhora da Dores ajudaram os cristãos a melhor participar do momento de oração, quando cada um pôde testemunhar a fé em Cristo, Vida que venceu a morte.

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