sábado, 7 de abril de 2012

Sexta-Feira da Paixão do Senhor

Texto: Raphael Freire, do Portal da Arquidiocese do Rio
Colaboração: Nice Affonso
Fotos: Gustavo de Oliveira


O Solene Ofício da Paixão, na Catedral de São Sebastião, foi presidido pelo Arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta, nesta Sexta-feira Santa, 6 de abril, às 15h. Durante a ação litúrgica, o Pastor da Arquidiocese lembrou a todos sobre a importância do testemunho de cada cristão para que a sociedade creia na vida que vence a morte.

Na Sexta-feira Santa não se celebra Missa no mundo todo. O altar é iluminado sem mantel, sem cruz, sem velas nem adornos. Recorda-se a morte de Jesus. Os ministros se prostram no chão, frente ao altar, no começo da cerimônia. Eles são a imagem da humanidade rebaixada e oprimida, e ao mesmo tempo penitente, que implora o perdão por seus pecados. Se apresentam vestidos de vermelho, a cor dos mártires: de Jesus, o primeiro testemunho do amor do Pai e de todos aqueles que, como ele, deram e continuam dando sua vida para proclamar a libertação que Deus nos oferece.


A Liturgia da Palavra recordou a agonia de Jesus, segundo o Evangelho de João, desde a sua prisão, no Monte das Oliveiras, até a sua crucificação, no Monte Calvário.


Durante a homilia, Dom Orani explicou que a Igreja convida à contemplação do mistério de Cristo na cruz, sabendo que, pela morte de Jesus, por seu sangue, todos são lavados e redimidos.

- A celebração de hoje nos faz recordar o sentido de tudo aquilo que nós vivemos e celebramos a cada tríduo pascal. Podemos, a cada ano, dar um passo a mais no mistério profundo; e tudo aquilo que é proclamado, através da Palavra de Deus, coloca para nós esse mistério da nossa redenção. Cristo dá a vida por nós para que tenhamos vida nova e sejamos lavados pelo seu sangue. Ao contemplarmos a cruz do Senhor, vemos que em Cristo se realizam todas as profecias do Antigo Testamento, que, proclamadas, anunciam esse tempo novo, ressaltou.

O Arcebispo recordou que assumir a cruz, diante dos desafios da vida, é um testemunho cristão à sociedade, que equivale a dizer que é possível passar pela morte e ressuscitar. Dom Orani quis despertar os cristãos para que sejam testemunhas dessa vida nova em Cristo.


- De um lado, vemos na cruz todo o sofrimento e julgamento injusto que Jesus sofreu, mas na realidade contemplamos a vitória sobre a morte, sobre o pecado e, por isso, exibimos a cruz nas Igrejas, temos em casa, trazemos conosco, como sinal da nossa redenção que Cristo conquistou por nós e de onde ele reina vitorioso. Essa celebração se insere dentro do tríduo pascal para que nós contemplemos aquilo que se realiza em cada Eucaristia, pois, a cada Missa, nós participamos dessa morte redentora. Que ao experimentarmos a salvação que ele nos trouxe, como homens e mulheres novos, sejamos, através da pregação, dos sinais, testemunhos e da nossa missão, levados pelo Espírito Santo a construir uma humanidade também nova em Cristo, destacou Dom Orani.


Após as palavras do Arcebispo, a assembleia fez a Oração Universal, que expressa a consciência de que a redenção realizada pelo Cristo Crucificado deve atingir todos os seres humanos e que é para isso que a Igreja trabalha e reza sem desfalecer. Nas intenções dessa oração: a Santa Igreja, o Papa, as ordens religiosas e todos os fiéis, os catecúmenos, a unidade entre os cristãos, os judeus, os que não crêem no Cristo, os que não crêem em Deus, os que exercem poder público e os que sofrem provações.

Logo depois, foi dado início ao ato simbólico muito expressivo e próprio deste dia: a veneração da Santa Cruz, que foi solenemente apresentada à comunidade, para que, contemplando-a, adorasse o Cristo que a venceu, na manhã da Ressurreição. Contemplando o objeto material, os cristãos são, pela fé, convidados a enxergar o Cristo salvador.


Dom Orani foi o primeiro a beijar a cruz. Seguiram-se os sacerdotes concelebrantes, os diáconos, os seminaristas, e os fiéis, que também puderam expressar sua adoração logo após o encerramento do Solene Ofício.


Nesta ação litúrgica não há oferendas a apresentar ao Pai, não é renovado no altar o sacrifício da cruz, mas se faz a comunhão com o Pão Eucarístico, consagrado na missa de Quinta-feira Santa. As doações espontâneas dos fiéis são entregues à Igreja para a conservação dos santuários da Terra Santa.


Antes do Solene Ofício, uma procissão saiu do Santuário Nacional de Adoração Perpétua, na Igreja de Sant’ Ana, com a imagem de Nosso Senhor dos Passos e se encontrou, em frente ao Instituto Nacional do Câncer (INCA), com a imagem de Nossa Senhora das Dores, levada pela Paróquia Santo Antônio dos Pobres e pela Capela Menino Deus. Já após a celebração, teve início pelas ruas do Centro a procissão do Senhor Morto. Às 19h, a Companhia de Teatro Julieta de Serpa encenou o Auto da Paixão, nos Arcos da Lapa.

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