quinta-feira, 28 de junho de 2012

A FÉ ECLESIAL

Por: Dom Pedro Cunha - Bispo auxiliar animador do Vicariato Urbano

Após termos visto que o ato de fé se funda na própria Palavra de Deus, que nunca nos engana, e que a fé procura compreender os conteúdos da Revelação, de modo a estabelecer sempre uma harmonia entre fé e razão, cabe-nos neste momento reafirmar a fé como um ato pessoal, enquanto resposta livre do homem à iniciativa de Deus. Esta se revela, mas não como um ato isolado, e, sim, como um ato professado em comunhão com a Igreja. O “eu crio”, professado pessoalmente por todo crente, envolve e supõe o “nós cremos”, que é a fé confessada pela assembléia litúrgica dos crentes. “Eu creio” é também a Igreja, nossa mãe, que responde a Deus com sua fé e que nos ensina a dizer:”eu creio, nós cremos” (Cf. CIC, nº 167).

Portanto, é a Igreja, antes de tudo, que crê e desta forma carrega, alimenta e sustenta a minha fé. É a Igreja que confessa o Senhor Jesus por toda a terra. Nela é que nós professamos nossa fé. Com ela e nela somos impulsionados e levados a confessar: “eu creio, nós cremos”. Assim, é por intermédio da Igreja que recebemos a fé e a vida nova em Cristo pelo batismo (Cf. CIC, nº 168).

Nós cremos na Igreja como a mãe de nosso novo nascimento. Desde modo, ela é também a educadora de nossa fé em comunidade. Quanto mais estivermos em comunhão com a Igreja, mais iremos assimilar e viver a nossa fé. Ela é nossa mãe que nos ensina a linguagem da fé para introduzir-nos na compreensão e na vida da fé. Esta é a razão pela qual, há séculos, ela confessa uma única fé, recebida de um só Senhor, transmitida por um só batismo, enraizada na convicção de que todos os homens tem um só Deus e Pai (Cf. Ef 4,4-6).

Por fim, a Igreja guarda com cuidado as verdades de fé que recebeu dos apóstolos e seu discípulos; prega, ensina e transmite tais verdades de forma unânime, pois o conteúdo da tradição é uno e idêntico. Esta fé que recebemos da Igreja, nós a guardamos com cuidado como um depósito de grande e expressivo valor (Cf. CIC, nº 174-175). Eis porque a fé é um ato esclesial, isto é, a fé da Igreja precede, gera, sustenta e alimenta nossa fé. Sendo a Igreja a Mãe de todos os crentes, o binômio fé sim, Igreja não, torna-se inconcebível e inoportuno

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